TÓPICO 3
DISTRIBUIÇÃO DA ENERGIA NA TERRA
1.
Habilidade
Compreender porque a energia
solar não chega igualmente a todas as regiões da Terra e porque a água é um excelente
líquido
para fazer a energia circular
e se distribuir pela Terra.
2.
Detalhamento da habilidade
2.1 - Saber que os raios
solares que chegam à Terra são praticamente paralelos devido à enorme distância
Sol-Terra em relação
às suas dimensões.
2.2 - Compreender que devido
à curvatura da Terra a energia solar incidente por metro quadrado é maior no
equador do que
próximo aos pólos.
2.3 – Saber que a energia
solar recebida pela Terra não se distribui uniformemente na superfície de nosso
planeta.
2.4 - Compreender que as
estações climáticas se devem a 3 agentes: a inclinação do eixo de rotação da
Terra, à rotação desta
em torno de seu eixo e a sua
translação ao redor do Sol.
2.5 - Saber que a água é uma
substância muito abundante na superfície da Terra e ocupa cerca de 3/4 de sua
área.
2.6 - Saber que a água possui
propriedades térmicas que a tornam importante para a distribuição de energia na
Terra e para a
estabilidade climática, entre
elas a grande energia para aquecer e evaporar cada unidade de massa de água.
(Essa habilidade é
abordada também em tópico
posterior)
2.7 - Saber que as correntes
marítimas e o ciclo da água são fundamentais no processo de distribuição de
energia na Terra.
2.8 – Compreender as funções
da atmosfera terrestre e sua enorme importância para a vida.
3.
Orientações para o aluno
Este módulo didático contem
um texto, uma lista de exercícios, referências de obras para saber mais sobre
os assuntos aqui
abordados. Logo depois de
lido o capítulo, você deve tentar responder às questões e resolver os
exercícios propostos, pois essa
atividade é essencial para
assimilar as noções apresentadas no capítulo.
4. Como se
reparte a energia solar pela superfície da Terra
A energia
solar se distribui pela superfície terrestre de modo desigual. O valor da
constante solar (mencionado no módulo anterior) é um valor médio, isto
é, há regiões que recebem em sua superfície mais do que 1,4 kW/m2 e outras que
recebem menos. Uma das razões disso é o fato de que os raios solares que
atingem a Terra, isto é, que formam a radiação solar, são praticamente
paralelos entre si; outra razão é ser a Terra um corpo praticamente esférico,
apenas ligeiramente abaulado nos pólos. Vejamos como essas circunstâncias
alteram a distribuição da energia recebida pela Terra.
A distância Terra-Sol (1,5 x 108 km) é muitíssimo maior do que o
diâmetro solar, que mede aproximadamente 1,4 x 106 km; isto significa que a
distância Terra-Sol é quase 107 vezes maior. Dois raios luminosos emitidos de
pontos diametralmente opostos doSol poderão chegar ao nosso planeta com um
ângulo máximo igual ao diâmetro solar dividido pela distância Terra-Sol (veja a
figura 1, que não está desenhada em escala). Então esses raios formarão entre
si um ângulo de aproximadamente 1,4 x 106 km / 1,5 x 102
km ≈ 0,0097 radiano ≈ 0,56º
Figura 1
Esse é o
ângulo sob o qual você veria, por exemplo, uma moeda de 1 real colocada a 2,5
metros de seus olhos. Sendo de 0,56º a separação angular máxima entre dois
raios luminosos provenientes do Sol, está claro que, do ponto de vista prático,
eles podem considerar-se como paralelos; afinal, retas paralelas são as que
formam entre si um ângulo nulo e 0,56º é um ângulo pequeno.
Sendo a Terra praticamente esférica, o ângulo dos raios solares
com a superfície terrestre varia de uma parte a outra de nosso planeta. A
figura 2
Representa a
Terra com sua atmosfera e ilustra o fato de que, em cada metro quadrado da
região equatorial a radiação solar incide perpendicularmente e nas regiões
polares a incidência é rasante (próxima da tangente à superfície terrestre).
Além desse fator geométrico, devemos considerar que os raios solares que
atingem os pólos percorrem na atmosfera terrestre maior distância do que os
raios que chegam à região equatorial; nesta região eles são menos absorvidos e
menos espalhados do que os raios que
alcançam as
regiões polares.
Em consequência dessas duas circunstâncias, a quantidade de
radiação que chega em cada metro quadrado nos pólos é menor do que a recebida
na mesma área situada na zona equatorial. Entre o paralelo +23,5° (no
hemisfério norte, que corresponde ao trópico de Câncer) e o paralelo –23,5° do
hemisfério sul (correspondente ao trópico de Capricórnio) situa-se a zona
tropical, em que a intensidade da radiação solar ao longo do ano é menor do que
no equador e muito maior do que nos pólos.
É fácil demonstrar que as duas áreas S1 e S2 da figura estão
relacionadas por uma fórmula matemática muito simples, isto é, S2 = S1/sem
onde é o ângulo da direção dos raios solares com a superfície S2.
Não surpreende, portanto, que nas regiões polares predominem o
gelo e as temperaturas muito baixas, enquanto na zona equatorial ocorre o
oposto. É preciso considerar também que a Terra não apenas percorre uma grande
órbita em torno do Sol (veja a figura ao lado), mas ao mesmo tempo ela gira em
torno de um eixo que não é perpendicular ao plano dessa órbita, mas
forma com ela um ângulo de aproximadamente 23,5o (denominado inclinação da
eclíptica). O resultado da combinação desses dois movimentos é um efeito que
você certamente já observou: o Sol, ao longo do ano, executa um movimento
aparente no céu que varia segundo as estações; no inverno (junho a setembro no
nosso hemisfério) ele descreve um arco muito baixo em relação ao plano do
horizonte; a partir da primavera (setembro a dezembro no hemisfério sul) esse
arco aumenta em comprimento e em altura, até atingir o máximo no verão
(dezembro a março) e começar a diminuir no outono (março a junho).
A figura 3
ilustra isso.
Figura 3
Essa mudança na “altura” do Sol em relação ao horizonte, segundo
as estações, explica claramente porque no inverno o Sol parece “mais frio”:
nessa época a insolação que chega à região onde é inverno será repartida, mesmo
na faixa ao redor do equador, por uma área maior da superfície terrestre,
devido à incidência em ângulo menor.
As estações do ano são consequência, como se vê, do duplo
movimento executado pela Terra (rotação em torno de um eixo inclinado em
relação à sua órbita e translação ao redor do Sol) e da constância de direção dos
raios solares que chegam até nós.
5. A água
na Terra
Todos
sabemos da importância da água: sem ela não existe vida. Você sabe certamente
que é grande a quantidade de água existente na crosta terrestre: dos 510
milhões de quilômetros quadrados da superfície da Terra (5,1 x 10^8 km2) nada
menos de 71%, isto é, 362 milhões de quilômetros quadrados (3,62 x 10^8 km2)
estão ocupados pelo oceanos, mares e lagos.
Uma das propriedades da água é que ela requer energia
relativamente grande para ser aquecida e para mudar de estado, por exemplo,
para passar de gelo a água líquida, ou desta para vapor. Se a água estiver
quente, a energia que ela cede a corpos mais frios também é maior do que a que
é cedida por outras substâncias que estejam à mesma temperatura. A fim de
aumentar de 1Oc (*) a temperatura de 1 grama de água são necessários 4,2 joules
ou, o que é equivalente, 1 caloria. Esse valor chama-se calor
Específico
da água; cada substância tem um calor específico determinado, característico
dela. Eis alguns exemplos: (*) Leia 1 célsius; a antiga
denominação “grau célsius” ou “grau centígrado” foi abolida há alguns anos. É a
mesma regra que nos leva a falar em 1 newton (ou 1 N), unidade de força;
em 1 coulomb (ou1 C), unidade de carga elétrica, e em 1 kelvin
(ou 1 K), unidade de Temperatura.
Repare que o
calor específico da água é maior do que o das outras substâncias.
Para aquecer 1 litro (1.000 gramas) de água desde 0oC a 100oC são
necessários 4,2 kJ (ou 1 kcal); mas para vaporizar a 100oCa mesmas quantidades
de água requerem-se 2.270 kJ (ou 539 kcal). A razão de uma mudança tão grande
no valor da energia nos dois casos é que para a água passar de líquido a vapor
uma grande parte da energia a ela fornecida é utilizada para romper as
ligações
entre as moléculas do líquido. Os valores apresentados acima são apenas
aproximados, porque várias outras circunstâncias influenciam os processos
descritos, por exemplo, a pressão atmosférica. Em Belo Horizonte, situada a 800
m acima do nível do mar, a pressão atmosférica é menor do que à beira-mar e a
água ferve a 97 ou 98oC. Certo é que a água, devido à sua grande capacidade
térmica e pelo fato de circular por todo o globo terrestre, exerce papel de importância
fundamental nas trocas de energia entre as regiões do nosso planeta. A energia
que provoca num corpo de massa M uma variação da temperatura inicial T1
para a temperatura final T2 e cujo calor específico seja c, é
diretamente proporcional a M e à variação de temperatura (T2 – T1), o que se exprime com a equaçãoE = c M (T2 –T1)
6. As
correntes marítimas
As propriedades térmicas da água influenciam fortemente a distribuição
da energia solar em nosso planeta devido a dois processos que estão
constantemente em ação: as correntes marítimas e o ciclo da
água. As correntes marítimas originam-se na diferença entre as temperaturas
das regiões do globo, ocasionada pela desigualdade da insolação por elas
recebida, conforme foi explicado acima.
É muito recomendável que você consulte um atlas geográfico ou uma enciclopédia
para examinar um mapa das correntes marinhas e entender como elas circulam (veja
a ilustração ao lado).
Existem correntes marítimas quentes e frias. As correntes frias
dirigem-se de modo general das regiões polares para a zona equatorial, isto
é, das regiões de elevada latitude para as de baixa latitude. Um
bom exemplo é o grande contraste entre os climas de Salvador (Bahia) e de Lima
(capital do Peru, na costa ocidental da América do Sul), embora essas cidades
estejam à mesma latitude, devido às correntes marítimas que chegam ao litoral
em cada uma delas. Em Salvador é a corrente quente do Brasil, que se
move, ao longo da costa brasileira, de norte para sule o clima dessa cidade é
quente e úmido; sua temperatura média anual é superior a 25oC. Em Lima, ao
contrário, a temperatura média anual é bem menor (16oC) e a cidade está numa
região desértica, sendo banhada pela corrente de Humboldt, que é fria,
porque provem da Antártica e se dirige para o norte, banhando o litoral ocidental
da América do Sul.
As correntes quentes são opostas às correntes frias:
dirigem-se das regiões de baixa latitude para as de elevada latitude, cujas temperaturas
elas aumentam. Sirva de exemplo o caso das ilhas britânicas e da região
canadense denominada Labrador, que
estão na
mesma faixa de latitude. Chegam à Grã-Bretanha as águas mornas da corrente
do Golfo, que nasce no Golfo do México e se dirige para o norte, ao longo
da costa oriental dos Estados Unidos e do Canadá; tal corrente provoca na Grã
Bretanha um clima úmido e temperado. A referida região canadense é banhada pela
corrente do Labrador, originada a oeste da Groelândia, sendo, portanto,
fria e escoa para o sul ao longo do litoral oriental do Canadá, o que torna o
clima daquela província desagradavelmente gelado e inóspito.
O fenômeno das correntes marítimas é muito complicado e não está
inteiramente compreendido. Por exemplo, há correntes frias superficiais que se
deslocam acima de correntes quentes que fluem em maior profundidade na mesma região
e em sentido oposto às superficiais, e vice-versa. Além disso, existem também
correntes marinhas verticais ascendentes e descendentes. Outra circunstância é
que a temperatura das correntes está relacionada também, de modo complexo e
pouco compreendido, com a profundidade em que elas se movem e com a distância
ao continente. Por tudo isso, o estudo das correntes marítimas ainda é um tema
de investigação ativa dos geofísicos e oceanógrafos.
7. O ciclo
da água
O ciclo da água é o processo
pelo qual ela circula dos oceanos, rios e lagos até à atmosfera, de onde
retorna à superfície
continental e aos oceanos,
lagos e mares, e se reinicia o processo. Veja a figura 4.
Figura 4: Ciclo da água
Os oceanos são o principal reservatório de água de nosso planeta,
bastando lembrar a imensa proporção da área terrestre que eles ocupam. Sob a
ação da radiação solar, a água dos oceanos, lagos e rios aquece e evapora;
parte dela se condensará localmente em nuvens, outra parte será transportada
pelos ventos para outras regiões. A água condensada nas nuvens volta à superfície
como chuva, neve ou granizo e cerca de 1/3 dela retornará aos oceanos através
dos rios ou percorrerá um trajeto subterrâneo. Os 2/3 restantes voltam
diretamente da superfície continental à atmosfera, seja por evaporação, seja
por transpiração das plantas.
Além de forçar a circulação da água pelas diversas regiões do
planeta, a radiação solar ainda é responsável pela destilação da água. A
destilação consiste em vaporizar um líquido e em seguida condensar o vapor obtido,
o que permite libertá-lo de componentes indesejáveis. As nuvens se formam por
destilação da água e pela condensação do seu vapor em nuvens, o que é uma consequência
da diminuição de sua temperatura em grandes altitudes da atmosfera. A água
proveniente dos oceanos não é potável, devido à sua salinidade; nisso reside a
importância da destilação, processo que retém o sal marinho, permitindo que a água
das precipitações seja potável e possa ser utilizada para uso humano e animal
ou nas plantações.
Não é novidade para ninguém que a água é absolutamente
indispensável para a vida e essa questão está se tornando a cada ano mais
importante, por causa de várias circunstâncias que afetam diretamente a
qualidade e a quantidade de água em nosso
planeta. Uma
dessas circunstâncias já foi apontada no estudo do tópico anterior: é a
poluição térmica, isto é, o fato de que o
funcionamento
dos milhões de máquinas térmicas utilizadas pela humanidade está contribuindo
aceleradamente, há duzentos anos pelo menos, para o aquecimento da atmosfera
terrestre. Em muitos casos essa poluição afeta também as águas de lagos e rios
e mesmo águas marinhas costeiras, quando utilizadas para refrigerar as máquinas
térmicas ou seus rejeitos. Só muito recentemente foi reconhecido pelos
governos, principalmente dos países ricos, onde está a imensa maioria das
máquinas térmicas em funcionamento, que esse aquecimento certamente irá afetar
a vida aquática e em especial a vida marinha. O mar contém uma imensa população
microscópica, muito sensível a modificações no seu ambiente, e que constitui
alimento para inúmeras espécies animais que vivem nele.
8. A
atmosfera terrestre
No tópico 2 foi abordada a questão da estrutura interna de nosso
planeta e neste módulo foram apresentadas idéias básicas sobre a superfície
terrestre. Devemos agora voltar nossa atenção para outra componente igualmente
importante de nosso lugar no Universo: a atmosfera, o envoltório gasoso
da Terra. Nossa atmosfera consiste de uma mistura de vários gases, com larga
predominância do nitrogênio (78% do total) e do oxigênio (21% da atmosfera); o
restante 1% é formado por diversos outros gases, que comparecem em percentagens
muito pequenas. Ao contemplarmos o luar ou um belo céu límpido e azul de outono
ou o céu cheio de nuvens ao entardecer de verão, não percebemos como é a
complexa a nossa atmosfera, formada de várias camadas concêntricas localizadas
a diferentes altitudes e que apresentam propriedades distintas. Um esquema
simplificado está na figura 5, abaixo. A primeira camada, que tem o nome de troposfera
(o nome significa região onde ocorrem as mudanças climáticas), é a
mais baixa e que está em contato direto com a superfície da Terra. Ela se
estende até cerca de 15 quilômetros de altitude, a partir do nível do mar. A
densidade do ar, a pressão e a temperatura do ar vão decrescendo rapidamente na
troposfera; em sua parte mais elevada a temperatura cai para -60oC. A
troposfera é a camada atmosférica mais importante para os fenômenos
meteorológicos, isto é, responsáveis pelo clima, pois é nela que se concentra o
vapor d’água e se formam as nuvens e os ventos; muitas das nuvens (denominados
cirros) estão situadas no topo da troposfera, em altitudes de 10 km ou mais.
A segunda camada, a partir do solo, é a estratosfera, cuja espessura
é de 10 a 50 km acima da troposfera; nela a temperatura aumenta gradualmente,
em relação à da troposfera e chega a atingir 0ºC no topo. A uns 25 km de
altitude, ainda na estratosfera, encontra-se a camada de ozônio, que
apesar do nome, que sugere uma lâmina esférica contínua em torno da Terra, ela
é distribuída desigualmente na atmosfera. Como na troposfera, há regiões em que
a camada de ozônio é mais espessa do que em outras e há também nela grandes
áreas vazias ou “buracos”. Se a camada de ozônio fosse contínua, formaria uma
faixa muito fina, com poucos milímetros de espessura. O ozônio é um gás cujas
moléculas são formadas de 3 átomos de oxigênio; na superfície terrestre, ao
contrário, as moléculas do gás oxigênio são formadas por 2 átomos desse
elemento. A formação do ozônio resulta da ação da perigosa radiação ultravioleta
(UV) proveniente do Sol sobre os átomos de oxigênio da estratosfera, do que resulta
uma enorme redução daquela radiação. O ozônio é um gás nocivo para os seres
vivos, mas na estratosfera ele exerce um papel benéfico e importantíssimo para a
vida terrestre, ao impedir que a maior parte da radiaçãoUV atinja o solo.
Na estratosfera também é neutralizada grande parte de outra componente
da radiação solar: a radiação infravermelha (IV), cuja ação direta sobre a
Terra teria também conseqüências nocivas.
Figura 5: A
Atmosfera da Terra
A
estratosfera, portanto, permite a passagem quase somente daradiação visível,
isto é, da luz solar, exercendo uma “filtragem” de
grande
importância para nós. A região mais alta da atmosfera é a ionosfera, que
se estende de 50 km a mais de 600 km de altitude. Seu nome provém de ser constituída
de gases ionizados, isto é, gases cujos átomos perderam um ou mais elétrons (os
íons) e nessa região a temperatura sobe com a altitude: a 80 km é de –100ºC
e aumenta para + 100ºC a 120 km e pode alcançar 1.200ºC a 300 km. É graças à
ionosfera que as ondas de rádio podem se difundir por todo o nosso planeta.
Entre 100 e 120 km de altitude são refletidas de volta ao solo as ondas de
rádio de freqüência grande e média; as ondas curtas, que são ondas de altíssima
freqüência,
podem
penetrar até 300km de altitude antes de serem refletidas.
Outra função importante da atmosfera é como isolante do calor.
A temperatura média da Terra, graças à atmosfera, é de +15ºC; sem ela, cairia
para –18ºC, o que comprometeria a vida no planeta. A radiação infravermelha que
incide na superfície terrestre é continuamente espalhada de volta para a
atmosfera, que à noite retém uma parte da radiação devolvida pela superfície
aquecida durante o dia, evitando assim (exceto nas regiões polares) uma queda
exagerada da temperatura. É um efeito estufa benéfico.
Ao contrário da Terra, o planeta Mercúrio, como a Lua, não possui
atmosfera e na superfície daquele planeta (o mais próximo do Sol) a temperatura
varia bruscamente de mais de 400ºC durante o dia para –180ºC à noite; em Marte,
cuja atmosfera é muito rarefeita, a temperatura varia entre – 87ºC e –5ºC. Em
ambos os casos é fácil compreender que tais condições tornam muito duvidosa a
existência de vida nesses corpos celestes e também o quanto á importante preservarmos
a atmosfera de nosso planeta.
A atmosfera também exerce o papel de escudo. Diariamente
nosso planeta é bombardeado por imensa quantidade de partículas eletricamente
carregadas (elétrons e íons) provenientes do espaço interestelar, que
constituem os chamados raios cósmicos; essas partículas possuem energia
extremamente alta e se alcançassem a superfície sem impedimento poderiam
provocar efeito deletério à vida.
Felizmente,
ao entrarem na estratosfera essas partículas se chocam com os átomos
dessa região
e se fragmentam, assim perdendo grande parte de sua energia e ao atingirem o
solo os fragmentos tornaram-se inofensivos. Um segundo exemplo da função-escudo
da Terra é em relação aos meteoritos, pedaços de matéria rochosa ou
metálica provenientes da região interplanetária, que atingem nosso planeta diariamente,
aos milhares. Eles penetram na atmosfera com grande velocidade e, devido ao
atrito com ela, acabam se incinerando a grandes altitudes, o que evita o
impacto da maioria deles com a superfície terrestre, o que poderia ser
desastroso (veja figura ao lado). Quase todos os meteoritos têm tamanho minúsculo
e sua incineração proporciona à noite um belo espetáculo (são chamados erradamente
de estrelas cadentes), mas de vez em quando chegam até aqui meteoritos
enormes que, embora percam parte de sua massa no atrito com a atmosfera, ainda
alcançam o solo com tamanhos surpreendentes. Em nosso País foi encontrado na
Bahia, há mais de duzentos anos, um meteorito (denominado Bendegó) que pesa
acima de 5 toneladas; o maior meteorito conhecido pesa 60 toneladas. A uns 100
km de altitude ocorre na ionosfera um dos mais extraordinários fenômenos
luminosos conhecidos, visíveis somente nas regiões polares: as auroras
polares, que têm o aspecto de imensas cortinas luminosas verticais e
ondulantes, de cores variadas que vão do azul ao verde e ao vermelho, em
inúmeras tonalidades. As auroras são formadas pela radiação visível emitida
quando os íons de nitrogênio e oxigênio da ionosfera, acima dos pólos
terrestres, são atingidos por íons provenientes do Sol (que recebem a denominação
incorreta de vento solar). Como a Terra é circundada por um grande campo
magnético, este desvia os íons solares para os pólos magnéticos do nosso
planeta, acima dos quais se formam as auroras.
9. A
poluição atmosférica
Nossa atmosfera, que nos oferece proteção tão variada e
importante, está ameaçada e com ela também a vida na Terra. A utilização das
inúmeras máquinas térmicas do mundo moderno, como já foi dito, contribui poderosamente
para o aquecimento ambiental. Mas além do aquecimento elas despejam na
atmosfera imensas quantidades de dióxido de carbono (CO2): cerca de 6 bilhões
de toneladas por ano! Esse gás está se acumulando nas camadas superiores da
atmosfera e, conforme já foi explicado, retém parte da radiação solar recebida
pela superfície terrestre e por ela devolvida ao espaço, onde deveria se
dissipar. Isso provoca uma perturbação no equilíbrio térmico garantido pela
atmosfera, cuja temperatura aumenta.
Este é o efeito estufa nocivo, provocado pela ação humana,
tanto na indústria como na agricultura, e teremos de o combater para preservar
nossa própria existência. Esse assunto será estudado posteriormente, no tópico
8 (Efeito estufa e o clima na Terra).
Os problemas criados pela poluição ambiental – em particular pela
poluição da atmosfera – são muito difíceis de resolver e só a colaboração
internacional, com base no conhecimento científico, poderá vencer os desafios
criados por eles. Devemos ter consciência de que o comportamento individual de
cada um de nós, por mais insignificante que pareça, é parte desse esforço que
permitirá a sobrevivência da humanidade.
10.
Exercícios
1. Na região
equatorial, cada metro quadrado da superfície terrestre recebe 1.400 J de
energia em cada segundo. Em 1 hora, a
Quantidade
de energia recebida naquela área será
1. 5.000 kJ.
2. 5.000 kcal.
3. 1,2 x 10^3 cal.
4. 1,2 x 10^3 kJ.
2. A
temperatura predominante nas regiões polares é muito inferior à do restante do
planeta porque nelas a radiação solar
A) penetra dificilmente, porque estão constantemente nubladas.
B) atravessa uma espessura de atmosfera muito maior do que nas
regiões equatoriais.
C) incide nessas regiões formando um ângulo muito grande com a
superfície.
D) se distribui por uma área menor do que nas outras regiões da
Terra.
3. As
estações climáticas são conseqüência
A) da inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao plano
de sua órbita.
B) de a Terra mover-se a uma distância muito grande do Sol.
C) de a Terra girar em torno de seu eixo e simultaneamente
mover-se ao redor do Sol.
D) de variar muito, durante o ano, a radiação emitida pelo Sol no
céu.
4. Suponha
duas amostras de 1 kg, uma de alumínio e a outra de ferro. Qual delas requer
maior energia para que sua temperatura
aumente de
1ºC?
A) A de alumínio, porque conduz o calor melhor do que o ferro.
B) A de ferro, porque o calor específico dessa substância é maior
do que o do alumínio.
C) a de alumínio, porque o calor específico desse metal é maior do que
o do ferro
D) Ambas necessitam a mesma energia, pois têm a mesma massa.
5. As
correntes marítimas são importantes na distribuição da energia solar na Terra
porque
A) existem correntes quentes e frias.
B) as correntes marítimas têm sentidos opostos.
C) as correntes marítimas banham todos os continentes.
D) a água tem grande capacidade calorífica, por ser muito grande
seu calor específico.
6. Os ventos
são conseqüência
A) da forte insolação recebida na região equatorial.
B) da diferença de umidade entre regiões terrestres.
C) da diferença de temperaturas entre regiões que são aquecidas
diferentemente pela radiação solar.
D) de diferentes densidades da atmosfera nas diferentes partes do
globo.
7. A
troposfera é responsável pelo clima porque
A) recebe a maior parte da radiação
solar.
B) envolve toda a Terra.
C) contém quase toda a massa da atmosfera.
D) contém quase todo o vapor de água da atmosfera e nela se formam
os ventos, as nuvens e a chuva.
8. O efeito
estufa benéfico consiste no processo pelo qual a atmosfera terrestre atua como
isolante do calor porque
A) a superfície terrestre perde calor para o espaço
constantemente.
B) a superfície terrestre recebe grande parte da radiação UV do
Sol.
C) retém parte da energia calorífica perdida pela superfície e
impede grandes variações de temperatura.
D) nela existe grande quantidade de dióxido de carbono.
9. A
estratosfera é a camada imediatamente acima da troposfera e é importante porque
A) sua temperatura aumenta à medida que aumenta a altura em
relação ao solo.
B) contém quase exclusivamente os gases hidrogênio e nitrogênio.
C) reflete para o solo todas as ondas de rádio que recebe.
D) retém as radiações IV e UV, que são nocivas aos seres vivos.
10. Sobre a atmosfera terrestre, que
funciona como “escudo” para os seres vivos, foram feitas as seguintes
afirmações:
I - Oferece isolamento térmico e impede
variações bruscas de temperatura entre dia e noite.
II - Impede que a
maioria das partículas eletricamente carregadas, de grande energia e
provenientes do espaço extraterrestre, alcance a superfície do planeta.
III - destrói por
combustão, devida ao atrito com ela, grande parte dos meteoros que atingem a
Terra.
Estão corretas as
afirmações:
A) I e II apenas.
B) I e III apenas.
C) II e III apenas.
D)
I, II e III.
Correções necessárias de redação:
opção C da questão 4: c) a de alumínio, porque o calor específico
desse metal é maior do que o do ferro;
opção I da questão 10: I) oferece isolamento térmico e
impede variações bruscas de temperatura entre dia e noite.
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